É notório que o termo Big Data virou mainstream e já se tornou cotidiano em muitas empresas. Porém, claro que há um mundo de interpretações e confusões sobre o que é realmente Big Data e como se beneficiar com ele.
Um número impressionante é que 90% dos dados coletados até hoje foram gerados nos últimos 2 anos. O volume de informações produzidas em diferentes sites, ferramentas e dispositivos é avassalador e pode parecer que o foco principal disso é tecnologia. Porém, esse é um engano e os dados devem ser muito mais o meio do que o fim. Como começar a usar isso HOJE então?
O propósito de qualquer estudo ou análise deve ser o aprendizado sobre alguma questão importante para nós. Por exemplo: queremos conquistar nossos clientes e surpreendê-los com algum presente nas suas viagens. Estamos em dúvida se é melhor oferecer um passeio, um jantar ou talvez algumas fotos profissionais durante a viagem.
Podemos arbitrariamente oferecer um presente diferente para cada cliente e medir o impacto disso na satisfação deles com a viagem. Com algumas segmentações, talvez alguns casais jovens fiquem muito mais propensos a viajar novamente se eles forem surpreendidos com um passeio ou com um jantar. Talvez eles demorem a viajar novamente, mas as chances de eles nos recomendarem para amigos sejam 5 vezes maiores.
Repare no experimento que acabamos de propor. É necessária alguma tecnologia sofisticada para testar isso? Se testarmos a idéia do presente com 200 casais, não precisamos de mais do que uma planilha básica pra acompanhar o comportamento de todos eles.
Vamos formalizar um pouco o nosso estudo, descrevendo uma hipótese e um experimento.
Hipótese: acredito que um presente durante a viagem dos nossos clientes aumentará a satisfação deles e a probabilidade de eles nos recomendarem para amigos.
Experimento: vamos escolher um grupo/cluster de clientes e oferecer presentes para alguns deles e medir o índice de satisfação deles após a viagem.
Vamos então executar o experimento. Vou escolher casais que visitem o hotel Blue Tree Búzios em um mesmo final de semana, para que os eventos no local e também o clima sejam constantes nesse experimento. Para isolar ao máximo as variáveis e sermos de fato capazes de aprender com os dados, vamos montar 4 grupos de 50 pessoas:
Finalizada a estadia dos clientes, vamos pedir no checkout do hotel que eles respondam a uma pesquisa simples de satisfação, na qual vamos pedir que eles respondam perguntas simples e objetivas
Com os dados da pesquisa de cada um dos grupos, conseguimos medir o impacto na satisfação que teve cada um dos presentes que oferecemos. Conseguimos aprender sobre o impacto disso na relação dele com o Hotel e também na relação com a agência.
Se eu sei o quanto custa um determinado presente e o quanto isso impacta na relação com o hotel e o quanto isso impacta na relação com a agência, eu sou capaz de propor inclusive um modelo compartilhado de “investimento”, pois os 2 saem beneficiados.
Um processo cuidadoso de métricas e experimentos será capaz de qualificar métricas distintas dentro destes experimentos. Uma delas é a satisfação, que é bem objetiva e rápida de contabilizar. Duas outras delas são muito valiosas e contínuas, não terminam nunca. O Customer Lifetime Value (CLV) e o valor gerado através de recomendações (Referral) daquele cliente.
O Customer Lifetime Value é razoavelmente fácil de acompanhar e deve ser sempre uma das métricas mais importantes de qualquer relação comercial. O valor gerado através de recomendações é bem mais difícil de acompanhar porque muitas vezes não sabemos a real origem do novo cliente. Ele pode ter sido indicado por um amigo ou pode ter se empolgado com alguma campanha no Facebook. Analisando diferentes campanhas e experimentos é possível gradualmente medir o nosso Custo de Aquisição de Clientes e entender qual é o nosso custo em diferentes origens. Conhecendo nosso Custo de Aquisição de Clientes e acompanhando o Lifetime Value gerado por eles, temos uma boa medida se nosso negócio está saudável ou não.
Tivemos aqui a proposição bem simples de um experimento que pode nos ajudar muito em decisões pertinentes ao relacionamento com os clientes. Com um experimento que qualquer hotel e qualquer agência consegue realizar, conseguimos conhecer o impacto na satisfação de algumas ações triviais. Especialmente no Brasil, a frustração com a qualidade dos serviços é enorme e a sensação de ser bem tratado melhora muito a fidelização dos clientes. Você consegue ter aprendizados super valiosos HOJE sem depender de nenhuma tecnologia!
Big Data é um termo que parece imponente, mas a maioria das idéias são válidas mesmo com Small Data. Que tal refletir agora e escolher um novo experimento simples pra começar já essa semana? Tenho certeza há muitas oportunidades de aprendizado te esperando! 😉
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