A gestão de times ágeis requer sagacidade para enfrentar desafios e não perder oportunidades de negócio. Logo, é comum a busca de sinergia entre produtividade e qualidade. Entretanto, quando essa combinação não é equalizada, pode ocorrer prejuízos no curto, médio ou longo prazo.
Acredito que as empresas possuem o anseio de ter times de alta performance, capazes de produzir e entregar valor na mesma velocidade que as inovações surgem no mercado. Já me deparei com diversos gestores que não entendiam a importância da qualidade em tecnologia e, principalmente, do software para o bom funcionamento do próprio negócio. E esse desconhecimento, na maioria das vezes, está intimamente ligado ao modelo de gestão que é seguido na companhia.
Para ajudar a refletir sobre o tema podemos classificar e comparar dois deles como forma de escolher qual se encaixa melhor no que uma empresa almeja para seu fluxo de trabalho e entregas aos clientes.
São eles: os modelos de gestão com foco em eficiência ou em eficácia. Os dois modelos impactarão diretamente o perfil das equipes técnicas e na sinergia dos profissionais de desenvolvimento e operações.
Na gestão que prioriza a eficiência, o trabalho do time é guiado por projetos e a individualidade se sobressai, fazendo com que uma corporação tenha que contratar mais pessoas com objetivos em comum, porém metas individuais. Não tão raro é necessário também investir em uma equipe de sustentação para apoiar com eventuais ajustes do time de criação, logo após o projeto ser entregue. As entregas são mais longas (e quando são feitas em menos tempo tendem a perder qualidade) e o time é escalado para determinado projeto e fim. Após concluir, os profissionais são direcionados para o próximo trabalho.
Porém, esse time não é o mais eficaz em termos de entrega, pois demanda muitas etapas e pessoas para a validação do que é desenvolvido. Existe uma forma de garantir que o trabalho tenha mais qualidade e que o time seja composto por gente que seja solucionadora de problemas. Estamos falando de uma gestão focada em produtos, ou seja, cada desenvolvedor assume o papel de criador de determinada solução e é estimulado a pensar em melhorias contínuas para ela.
Essa postura de comprometimento diante dos produtos desenvolvidos é que fará a diferença com relação às entregas finais aos clientes, pois o time passa a ser motivado a oferecer o melhor trabalho e não o que demanda menos tempo. Neste sentido, a coletividade se torna mais forte e cada colaborador depende do trabalho dos demais para sugerir soluções em todas as etapas de execução. Para pensar na gestão focada em produto é preciso, antes de tudo, implementar alguns processos que viabilizam essa mudança que também é cultural.
Essa nova abordagem cria uma empatia entre o time e o cliente final do produto, bem como estimula os desenvolvedores a se sentirem “donos do produto”, uma vez que não são envolvidos apenas em uma etapa isolada do projeto. A mudança de mindset da gestão também diminui a rotatividade de profissionais, já que é muito mais fácil engajar um colaborador e mantê-lo quando ele se sente parte de um propósito maior na companhia. Mostrar o impacto positivo gerado pelas entregas com qualidade é fundamental para desmistificar a ideia de que somos apenas peças dentro de uma organização. Afinal de contas, por mais técnico que um trabalho seja, ele é conduzido por pessoas motivadas por valores e que trabalham muito melhor quando existe paixão.
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