No começo de 2013, algo muito forte me consumia e instigava. Uma inquietação ininterrupta me fez deixar um bom emprego após 7 anos em uma boa empresa cuja cultura ajudei a criar, buscando uma realização que eu ainda não sentia. Adepto ferrenho de Lean e modelos ágeis, passei 20 dias de férias no Japão convivendo intensamente com uma cultura que sempre me inspirou. Com isso o ímpeto tornou-se irrefreável.
Eu precisava viver a experiência de criar algo do zero e praticar minhas crenças, valores e cultura e ver até onde eu chegaria com eles. Em Maio de 2013, eu fundava então a Rivendel, focada em Cloud com cultura DevOps. Sem contratos, sem garantias, sem grandes reservas financeiras. Mas movido por muita paixão e pela necessidade de empreender para não viver frustrado depois.
Essencialmente acredito que seja uma economia na qual o conhecimento e modelos digitais valem mais do que ativos físicos e manufatura. É uma realidade com a visão clássica de que:
Além disso, talentos individuais e organizações conseguem alcançar muito mais pessoas com pouco ou nenhum investimento. O Youtube por exemplo permitiu o surgimento de talentos como:
Músicos talentosos que tiveram a chance de alcançar milhões de pessoas sem nada além dos seus instrumentos e câmeras que você pode comprar numa loja de departamentos.
Podemos citar muitos outros exemplos, mas a essência é a mesma: conhecimento e capacidade de execução valem mais do que ativos fixos. Acho que dá pra aproveitar isto a nosso favor em uma linha de atuação tão especializada como Cloud/DevOps, certo?
Não tenho dados e métricas precisas para fundamentar meu argumento, mas acredito que as startups conseguem ser disruptivas por entregar às pessoas um propósito, uma missão. Ainda há tantas empresas nas quais as pessoas só trabalham, mas não se engajam!
Quanto será que você consegue obter a mais de um profissional inteligente e engajado, comparando com um profissional frustrado e acomodado? Sem dúvida são ordens de grandeza de diferença.
A verdade é que os melhores profissionais buscam se sentir realizados e com propósito e os ciclos das pessoas nas empresas são muito diferentes do que 40 anos atrás, quando pessoas ainda passavam a carreira inteira em uma mesma empresa. Algumas das maiores empresas do mundo hoje ainda não existiam há 10 anos!
No artigo a seguir há algumas visões das quais compartilho: “You don’t need a job. You need a gig, and a network”
Em vez de buscar um emprego estável e um padrão maior de conforto, muitos profissionais buscam uma missão pela qual sintam paixão e buscam remuneração para realizar algo pelo qual já tem um desejo forte de experimentar.
Porém, assim como paixões, essas missões certamente não durarão 40 anos. Você pode fornecer 5, 10 missões especiais para alguns profissionais, mas em um dado momento o ciclo vai acabar. E tudo bem! Se você conseguiu manter uma relação na qual um profissional diferenciado trabalhou feliz com você por 5 anos, com certeza conseguiram construir ótimos resultados e foi uma experiência e aprendizado valioso para todo o grupo. Vamos felizes para a próxima!
Vamos falar agora sobre Cloud e DevOps, 2 termos que vem mudando sensivelmente a forma como as empresas conduzem seus produtos e sistemas em tecnologia.
As possibilidades de tecnologia e negócios abertas pela nuvem são virtualmente infinitas. Se juntarmos os ecossistemas de Big Data e IoT viabilizados pela nuvem, estamos falando de milhares de soluções e empresas nascendo que não seriam viáveis 10 anos atrás.
Para trabalhar com a nuvem e o processo de inovação em geral, é FUNDAMENTAL a cultura e as práticas DevOps. Inovar implica em testar rapidamente diferentes modelos e o processo de construir e publicar estes modelos precisa ser fácil e rápido. Ou seja, idealmente sem intervenção manual para ter o máximo de agilidade e proteção contra erros operacionais.
Para trabalhar de forma adequada neste contexto, uma nova especialização surgiu há cerca de 5-6 anos, batizada de DevOps. Há um artigo no nosso blog que descreve um pouco mais em detalhes o que é (e o que não é) DevOps para a Rivendel e muitos conteúdos sobre o tema por lá.
Para os fins deste artigo basta contar que é um perfil bastante especializado e ao meu ver NECESSÁRIO e há muito poucos profissionais qualificados neste perfil no Brasil. Portanto FORMAR profissionais e ter ótimas condições para MANTÊ-LOS é importantíssimo se você precisa de um time especial como nós precisamos.
Uma das melhores leituras sobre negócios na Nova Economia é o “Exponential Organizations”, sem sombra de dúvidas.
Uma das coisas que eu me perguntava bem antes de ler o livro era: “Será que não é possível ser radicalmente melhor do que empresas de serviços tradicionais que ainda se mantêm agarradas às velhas práticas de 20 anos atrás?”
Apropriando-me da terminologia exponencial, hoje eu me perguntaria: “Como ser 10x ou exponencialmente melhor do que uma empresa que se perdeu com os avanços da tecnologia?”.
Devemos sim pensar grande, muito grande, mas com pés no chão. Quando você começa uma empresa de forma bootstrap e não tem ainda certeza se ela sobreviverá mais 6 meses ou 1 ano, não adianta traçar planos muito longos. Vivemos com as limitações todos os dias e é duro não ter condições de executar tudo que você gostaria, pois não estamos no Vale do Silício. Mas empreender é isso, certo? Criar valor com pouco.
Assim, sempre fica na cabeça o desafio: “O que posso fazer esta semana que me levará um passo adiante no caminho da excelência que estamos buscando?”. Com foco na execução e muito pragmatismo, conseguimos avançar bastante em intervalos curtos.
Falando de Cultura e pensamento Lean, vamos novamente nos apropriar de algumas idéias da Toyota.
Uma das passagens mais marcantes para mim no livro “The Toyota Way: 14 Management Principles from the World’s Greatest Manufacturer” é o trecho em que eles descrevem a história do projeto do Lexus.
Na época alguns diretores da Toyota ficavam muito incomodados com o fato de que eles, seus amigos e familiares admiravam muito a Toyota, mas desejavam modelos de luxo da Mercedes e da BMW. Após muitas reflexões, surgiu um dos projetos mais ambiciosos da história da empresa, que originou o Lexus, modelo de luxo da companhia.
Neste projeto, eles adotaram a premissa “No Compromises”, que consistiu especialmente nos 6 objetivos a seguir (mantendo em inglês para não perder nada na tradução):
Inspirados nesses valores, tentamos criar algo semelhante na Rivendel no contexto em que atuávamos:
1 – Ágeis, mas sem abrir mão da qualidade e segurança
2 – Cultura informal, mas sempre treinar o time para ser sério e responsável em cada detalhe
3 – Tecnicamente na vanguarda, mas sabendo como trazer uma solução adequada até para os clientes mais conservadores
4 – Tecnicamente na vanguarda, mas sempre com humildade e desejo de aprender mais
5 – Desafiar e exigir das pessoas, mas sempre respeitando e dando apoio em todos os momentos
Já escrevi um artigo sobre modelos de negócio baseados em Economia de Compartilhamento e é aqui que temos o “molho especial” da Rivendel.
A cultura DevOps e um foco intenso em automação nos permite gerenciar ambientes grandes com uma carga operacional muito menor. Um único profissional consegue gerenciar o ambiente de 3 ou 4 clientes. Um time de 5-6 profissionais consegue gerenciar bem o ambiente de 15 clientes.
A maioria das empresas precisa hoje de tecnologias especializadas como Cloud e Big Data para se manterem competitivas, porém só uma pequena minoria conseguirá recrutar e depois manter um time interno tão especializado.
Isto é natural, pois como falei anteriormente, a natureza das relações de trabalho está mudando. Na Rivendel conseguimos formar, desafiar e instigar nossos profissionais continuamente, trazendo uma carreira especializada para eles. Quantas outras empresas conseguem fazer o mesmo para profissionais tão especializados?
Sabendo destas nuances, criamos um modelo de negócios focado em relações de longo prazo no qual nossos times atendem a todas as necessidades dos clientes de uma forma mais efetiva e custo menor do que manter uma equipe interna, que dificilmente conseguiria se manter proficiente em tantas tecnologias, processos e práticas de engenharia que são necessárias hoje.
Adicionalmente, conseguimos aumentar ou diminuir o engajamento e custos ao longo do tempo, com muito mais flexibilidade que uma equipe interna. Este modelo que foi continuamente refinado em quase 4 anos é um dos fatores chave para sermos extremamente competitivos em qualidade e custos.
O último ponto que eu gostaria de destacar que é essencial para modelos de negócios saudáveis na Nova Economia é que é impossível crescer de forma sustentável sem uma cultura guiada por dados. São simplesmente muitos clientes, circunstâncias e profissionais envolvidos para que tudo se encaixe sem um modelo analítico bem implementado.
“Se eu tivesse todas as informações que se pode ter sobre isto, como eu poderia melhorar?”. Esta é a frase mantra que eu gosto de usar para refletir sobre como gerar valor com dados.
Para que suas decisões como fundador passem a ser as mesmas que o seu time toma diariamente, precisamos reduzir critérios subjetivos e ter mais critérios objetivos e métricas acionáveis. Ou seja: em uma determinada situação com um determinado conjunto de dados, ficará clara a melhor decisão.
Isto de forma alguma busca limitar a criatividade e talento individual, mas permite que tenhamos uma qualidade e padrão consistentes. Seu time ainda pode caprichar mais e ser fantástico na forma de executar, mas se você tiver uma empresa guiada por dados, acertará na absoluta maioria das vezes.
Dependendo do seu produto e modelo de negócios, os dados a coletar e os aprendizados a colher podem variar muito, mas há padrões bem ortogonais entre indústrias e modelos de negócios. Se você puder, crie um time de dados e ferramentas. Isto vai diferenciar muito sua empresa da média e te permitirá inovar continuamente, sempre melhorando a qualidade.
Até agora esta jornada tem sido fantástica. Sou hoje um profissional e uma pessoa muito melhor do que quando comecei. Dificuldades e desafios não param de aparecer, mas a sensação de progresso é muito reconfortante.
Hoje sinto que estamos bem mais perto de realizar o que sonhei há alguns anos e isto me motiva ainda mais, pois abre muito mais possibilidades. Oportunidades cada vez maiores de criar valor com tecnologia e impactar a vida de mais e mais pessoas. Formar dezenas (em breve centenas) de pessoas e sentir que você contribuiu pelo menos um pouco com a carreira e a vida delas.
Esta é a minha história dos primeiros 4 anos. Espero que tenha sido útil pra você! 🙂
Por Bruno Pereira, fundador da Rivendel Tecnologia.
Gostou do conteúdo? Tem alguma dúvida? Entre em contato com nossos Especialistas Mandic Cloud, ficamos felizes em ajudá-lo.